O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, disse, na segunda-feira, em Gaia, que ''o futebol paga para cima de 100 milhões de euros de impostos'' por ano.
''Os clubes estão a fazer um esforço muito grande para regularizar a sua situação fiscal, para ficar dentro da legalidade'', acrescentou ainda o dirigente, a respeito de dívidas antigas ainda por liquidar.
Fernando Gomes falava no Clube dos Fundadores e as questões financeiras foram muito focadas, em resposta a várias questões que lhe foram colocadas por elementos do público presente.
A nível europeu, referiu também que ''vai haver um controlo muito maior'' em termos financeiros e só os clubes com contas saudáveis é que vão poder competir. Fernando Gomes recordou que o Guimarães falhou a Liga Europa desta época por não ter cumprido os requisitos financeiros da UEFA.
O dirigente federativo realçou também que ''não é admissível que o IVA dos bilhetes de futebol seja de 23 por cento, quando há outros espetáculos que têm uma taxa reduzida''.
Outra questão abordada foi a do excesso de estrangeiros nas provas nacionais, tendo Fernando Gomes dito que a FPF pensa criar uma ''discriminação positiva'', para levar os clubes a apostar mais em jogadores portugueses por si formados.
Esta medida pode até passar por ''atribuir um subsídio'' ao clube que utilizar maior número de futebolistas nacionais. Acrescentou depois que o panorama, nesta matéria, melhorou, pois o número de atletas estrangeiros é hoje ''relativamente reduzido'' nos escalões juniores e juvenis.
''Claramente, já se assiste a uma melhoria das seleções jovens'', considerou.
Fernando Gomes referiu, por outro lado, que ''um dos aspetos que preocupa a Federação é a prática e o desenvolvimento do futebol'', o que passa por ter mais praticantes do que hoje.
''O nível português de praticantes deixa muito a desejar'', por comparação com países com uma população idêntica. Em Portugal, o número de futebolistas federados equivale a pouco mais de 1,2 por cento da respetiva população, revela um estudo que a FPF forneceu à comunicação social.
No estudo apresentado, apenas o Cazaquistão tem uma taxa inferior. A Holanda sobressai com sete por cento, a Grécia tem 3,5 por cento e a Bélgica 3,7 por cento.
''Estamos muito longe da média europeia'', concluiu Fernando Gomes, observando que no estudo comparativo mencionado a média é de 3,6 por cento.
O líder federativo defendeu, por isso, que ''sem uma base alargada da pirâmide do futebol não é possível qualidade nas seleções''.