O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) pediu hoje ao treinador do Benfica, Jorge Jesus, que passe da teoria à prática no que respeita à utilização de jovens jogadores portugueses.
“Jorge Jesus fala muito e se calhar tem que praticar mais. No que diz respeito aos jogadores portugueses não basta só palavras, é um dever e uma obrigação de Jorge Jesus e de todos os treinadores”, afirmou Joaquim Evangelista.
Na terça-feira, o treinador do Benfica afirmou que o clube estava confiante nos seus jogadores jovens e disposto a apostar nos seus escalões de formação.
“Apostem nos jogadores portugueses. Deixem-se de loucuras agora em janeiro, não se limitem a falar nos jovens, apostem nos jogadores, contratem-nos”, pediu Evangelista.
Joaquim Evangelista, que falava à margem da assinatura do programa Impulso Jovem, que irá criar 100 postos de trabalho para jogadores desempregados, reconheceu que a situação financeira do futebol português “é dramática”.
O presidente do SJPF defendeu a necessidade de os clubes assumirem as suas responsabilidades e se ajustarem à realidade económica do país.
“Compete aos clubes fazerem o mesmo esforço [que sindicato e jogadores] e não irem ao mercado fazer disparates e loucuras, tem que haver um ajustamento à realidade”, afirmou, acrescentando: “Sabemos que há dirigentes que têm dificuldade em conviver com a disciplina financeira”.
Evangelista não quis quantificar o número de jogadores com salários em atraso, mas lembrou: “Houve dirigentes que assumiram incumprimento salarial”.
Evangelista assegurou que estará ao lado dos jogadores que decidam denunciar incumprimentos salariais, mas admitiu que a situação não é simples: “Estamos a meio do campeonato, há expectativas. Em todos os clubes os jogadores fazem um esforço enorme”.
Joaquim Evangelista admitiu a hipótese de formalmente nenhum clube ter salários em atraso, depois da revisão que devem fazer durante o mês de dezembro junto da liga.
“Nenhum clube formalmente vai ter salários em atraso porque fazem chegar documentos à Liga comprovativos de que a situação está regularizada”, disse, admitindo que muitas vezes os jogadores aceitam acordos de pagamento.
O presidente do SJPF destacou a importância do programa Impulso Jovem, que irá disponibilizar 100 postos de trabalho para jogadores desempregados nas Misericórdias portuguesas e que visa minimizar o desemprego suportando parte do salário às empresas que contratem desempregados
“O sindicato trouxe o Impulso Jovem para os jogadores, predispondo-se a suportar a diferença que o estado não suporta”, disse Evangelista, explicando que parte do salário será pago pelo sindicato e pela Federação Portuguesa de Futebol.
Na cerimónia, o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, defendeu a extensão do projeto, agora transposto para o futebol, a outros setores da sociedade.
“Espero que possa gerar sinergias para outros setores da sociedade e seja possível juntar entidades de âmbito sindical, patronal e social”, disse Relvas.
A cerimónia, que decorreu na sede da FPF, em Lisboa, contou ainda com a presença dos presidentes da União das Misericórdias Portuguesas e da FPF, Manuel Lemos e Fernando Gomes, respetivamente.