O presidente do Sporting, Godinho Lopes, terá tido conhecimento e autorizado a contratação de uma empresa para seguir a vida pessoal dos jogadores, segundo o despacho de acusação do Ministério Público a que a agência Lusa teve acesso.
No despacho, é referido que Paulo Pereira Cristóvão, antigo vice-presidente do Sporting, pediu a Vítor Vieira Viegas, ex-inspetor-chefe da Polícia Judiciária, que constituísse uma empresa a fim de prestar serviços ao Sporting, serviços esses ''relacionados com o acompanhamento da vida pessoal e social dos jogadores de futebol de 11 do Sporting, nomeadamente a monitorização dos seus períodos de descanso, através da vigilância das horas de chegada às respetivas habitações''.
''Por ação do arguido Paulo Pereira Cristóvão e com o conhecimento e autorização de Luís Godinho Lopes, presidente do seu conselho de administração, a Sporting Património e Marketing contratou a Businlog'', empresa constituída por Vítor Vieira Viegas para a prestação dos respetivos serviços.
No despacho, o Ministério Público acusa Paulo Pereira Cristóvão de sete crimes e de burlar o clube em mais de 57 mil euros, estando este ex-dirigente acusado de um crime de burla qualificada, um de branqueamento de capitais, dois crimes de peculato, um crime de acesso ilegítimo, um de devassa por meio de informática e um de denúncia caluniosa.
O Ministério Público enuncia no despacho os passos dados por aquele antigo dirigente, desde a criação de empresas para seguir a vida pessoal dos futebolistas do plantel ''leonino'' até ao ato com o árbitro assistente José Cardinal.
Neste último, o Ministério Público segue os passos de Rui Gouveia Martins, primo da ex-mulher de Paulo Pereira Cristóvão, que, a mando do ex-dirigente ''leonino'', se deslocou à Madeira para depositar a quantia de dois mil euros na conta de José Cardinal, tentando deste modo colocar em causa aquele árbitro.