A Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) aprovou hoje a constituição de uma fundação de solidariedade social, iniciativa que não encontrou consenso entre todos os clubes, com o Gil Vicente a “liderar” a contestação.
Segundo Mário Figueiredo, presidente da LPFP, a Fundação da Liga é a fórmula encontrada “para que o futebol cumpra as suas responsabilidades sociais, desenvolvendo atividades e campanhas, a anunciar ao longo do ano, nas áreas da saúde, educação e integração social”.
Porém, António Fiusa, presidente do Gil Vicente, revelou, após a reunião magna extraordinária, que “houve quatro clubes que se opuseram, assim como uma série de abstenções”, numa votação cujos números não foram revelados pelos dirigentes da Liga.
Para o responsável do clube de Barcelos, que começou por sublinhar a sua condição de pessoa com experiência ativa em instituições de solidariedade social, “o momento não é para ‘show-off’ nem ‘mis en scene’ [exibicionismo], só para dizer que se tem uma fundação de solidariedade”.
Mário Figueiredo, também após a assembleia, recordou que a fundação surge na sequência da experiência da recente campanha “Alimente esta ideia”, associada ao Banco Alimentar Contra a Fome, e prometida aquando do Fórum Futebol e Responsabilidade Social, que decorreu em novembro, em Lisboa, sob a égide da Associação das Ligas Europeias.
Sobre as declarações de António Fiusa, o presidente da Liga afirmou compreender a posição do dirigente gilista, “pois tem o coração ao pé da boca e diz o que lhe vai na alma”.
“Mais do que nunca, é tempo de ajudar os mais necessitados e essa foi a opinião da maioria”, prosseguiu Mário Figueiredo, a propósito da aprovação que se fez sem a presença de quatro clubes da I Liga (FC Porto, Académica, Vitória de Setúbal e Nacional da Madeira) e três da II.
A contestação do líder do Gil Vicente entronca na “conjuntura difícil dos clubes, que têm salários em atraso e impostos para pagar”.
''Sou a favor das campanhas e de ajudar, na medida do possível, todas as pessoas necessitadas, mas esta não é a altura, pois a Liga não tem dinheiro para isso'', afirmou António Fiusa.
Na Assembleia Geral de hoje foi igualmente aprovado, por maioria, o fundo inicial próprio da fundação (100 mil euros), bem como a proposta de concessão de poderes ao presidente da Liga ou a qualquer um dos membros da Comissão Executiva para realizar todos os atos necessários à criação e reconhecimento da instituição.