A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) rejeitou hoje ser responsável pelos ordenados em atraso na Naval 1.º de Maio, da II Liga, advertindo que os jogadores já poderiam ter acionado o fundo de garantia salarial.
Em carta enviada ao presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, a que a Lusa teve hoje acesso, a LPFP diz não se conformar com “a imputação de inatividade” ao organismo, uma vez que aceitou reunir com sindicato, clube e a federação em 19 de março, e salienta as alternativas à greve.
Na quinta-feira, a equipa profissional da Naval 1.º de Maio mandatou o SJPF para acionar o pré-aviso de greve, por ter três meses de salários em atraso, para o jogo com o Vitória de Guimarães B, da 33.ª jornada, agendado para 30 de março.
Na missiva enviada a Evangelista, o presidente da LPFP refere que “considerando a situação de carência material” dos jogadores da formação da Figueira da Foz, “a greve não é o único mecanismo ao seu dispor”.
“Por convenção tripartida celebrada entre a LPFP, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e o SJPF, foi criado um fundo de garantia salarial ‘destinado a apoiar jogadores com salários vencidos e não pagos’, cujos montantes servem, precisamente, para assegurar ‘o mínimo considerado indispensável à sobrevivência do jogador’, pode ler-se na mesma carta.
O presidente da LPFP realça ainda que “o fundo é, aliás, suscetível de ser ativado pelos jogadores através de requerimento apresentado ao sindicato (...) sendo útil para evitar onerar os familiares e amigos dos jogadores”.
Reiterando que o organismo a que preside realiza três controlos anuais ao cumprimento salarial, Mário Figueiredo reconhece que o futebol “vive as mesmas dificuldades que a sociedade e a economia portuguesas” e defende o trabalho “em conjunto e com diálogo, para encontrar soluções a bem dos jogadores, dos clubes e do futebol português”.
“No interesse de encontrar uma solução para o problema em apreço, cujo objetivo, estamos certos, V. Ex.ª perfilha sem reservas, reiteramos a nossa disponibilidade para o efeito”, salienta Mário Figueiredo, apelando à colaboração do SJPF para a “criação de mais receitas para os clubes, através do combate aos monopólios, garantindo a abertura à concorrência do mercado das transmissões televisivas”.
Após 31 jornadas, a Naval 1.º de Maio ocupa a 14.ª posição da II Liga, contabilizando 39 pontos.