A Liga lamentou hoje que o Governo, um “intransigente defensor da não ingerência no movimento associativo”, tenha incluído um diferendo existente entre o organismo e a Federação Portuguesa de Futebol na próxima reunião do Conselho Nacional de Desporto.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) também acusa a Federação (FPF) de “imprudência e ligeireza”, ao ter submetido a um órgão governamental a apreciação do litígio pendente entre “dois entes privados”, violando assim o “compromisso arbitral constante estatutos da FIFA”.
“O assunto em questão diz respeito a uma divergência de entendimentos entre essas duas associações sobre receitas que a FPF se arroga e que a Liga entende serem da sua plena e exclusiva titularidade - uma matéria inequivocamente do foro e da autonomia privada. Sob pena de incoerência e arbítrio, a propalada autonomia das instâncias associativas invocada para justificar as decisões de não ingerência do Estado, tem que funcionar em todos os sentidos”, lê-se no comunicado.
Nesse sentido, no mesmo documento, a Liga cita declarações do secretário de Estado da Juventude e do Desporto a vários órgãos de comunicação social, em que Alexandre Mestre diz ser defensor da não ingerência do Governo no movimento associativo e da sua autonomia.
“Por outro lado, aparentemente, o presidente da FPF ter-se-á esquecido do curto mandato de um ano e meio que exerceu na presidência da Liga, instituição que usou e de que se serviu para se fazer eleger para o cargo que atualmente ocupa, no desempenho do qual está, lamentavelmente, ao serviço, não dos clubes ou do futebol português, mas de interesses instalados, designadamente na área das transmissões televisivas, que pretendem enfraquecer a Liga e tornar subservientes os clubes”, acusa também o organismo liderado por Mário Figueiredo.
No mesmo comunicado, a Liga lamenta a falta de apoio da FPF na participação das equipas B na II Liga, que originou um acréscimo de despesas do organismo nesse campeonato em mais de um milhão de euros e que visa a “valorização e formação local de jogadores, vital para o apetrechamento das seleções nacionais”.
“A FPF não só não defende interesses que, afinal, também são próprios, como vem urdindo uma estratégia - cada vez menos dissimulada - de asfixia da Liga, nomeadamente pela apropriação de receitas geradas nas e pelas competições profissionais, que, nos termos da Lei, são organizadas, regulamentadas e dirigidas pela Liga Portugal com autonomia administrativa, técnica e financeira”, lê-se igualmente no comunicado.