O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), José Fontelas Gomes, afirmou hoje estar confiante de que será possível obter um consenso para generalizar o policiamento nas competições desportivas e, assim, “tranquilizar” a classe.
“Se todos quisermos que os árbitros tenham tranquilidade nas suas atuações nos campeonatos não profissionais, que não tenham de se preocupar se vão sair de um campo de futebol vivos ou mortos, nem que alguém os vai agredir, porque não têm ninguém para defender desse tipo de ações, acho que tudo vai correr bem”, disse à agência Lusa José Fontelas Gomes.
No dia em que entrou em vigor a legislação que torna obrigatório o policiamento em competições profissionais, o presidente da APAF salientou que a generalização desta medida às competições amadoras evitará extremar posições.
“Acho que não há necessidade de tomar medidas extremas se as pessoas colaborarem e entenderem a nossa luta. O ideal seria passar por uma ação legislativa, mas penso que há outras formas de o fazer”, referiu José Fontelas Gomes, apontando como exemplo uma nova recomendação, por parte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), para que os árbitros exijam policiamento nos jogos que dirigem.
Sem se pronunciar sobre os pedidos de dispensa de árbitros para as últimas jornadas dos vários campeonatos, o presidente da APAF admitiu que “as coisas estão a resolver-se de uma forma mais rápida”, enaltecendo a “colaboração muito ativa da FPF, que se intensificou nas últimas semanas”.
“Agora é uma questão de aguardar que [o policiamento obrigatório] se alastre ao futebol não profissional. Essa é a nossa pretensão e queremos que, pelo menos, haja garantias de que vai ser feito algo para que todas as competições tenham policiamento. Terá de haver um entendimento entre todos os intervenientes, entre polícia, GNR, clubes e também o MAI, para que haja um equilíbrio no número de efetivos, que por vezes parece ser excessivo”, explicou.
O presidente da APAF reiterou que esta “não é uma pretensão extraordinária”, mas “apenas de segurança para todos e não só os árbitros”.
“Deveria ser uma preocupação de todos os agentes envolvidos, mas têm de ser os árbitros a dar a cara e a tomar este tipo de posicionamento. A FPF manifestou-nos essa colaboração e tenho plena confiança de que, assim as entidades o queiram, as coisas vão ao encontro do que nós idealizamos”, concluiu.
Um “acerto pontual” ao Decreto-Lei n.º 216/2012, de 09 de outubro, tornou o policiamento obrigatório nas competições desportivas profissionais, a partir de hoje, depois de, no dia 04 de abril, o Conselho de Ministros ter aprovado “em definitivo” a obrigatoriedade do policiamento em competições desportivas profissionais, que foi decidida em 21 de março, e a manutenção dos encargos desta ação aos clubes.
O Decreto-Lei n.º 216/2012, que entrou em vigor a 09 de novembro de 2012, pôs fim à obrigatoriedade de policiamento em competições desportivas de escalões juvenis e inferiores, mantendo as determinações em relação às provas profissionais, cuja requisição de policiamento era da responsabilidade dos clubes visitados.
Desde novembro, vários clubes da I e II Liga portuguesa de futebol abdicaram de requisitar policiamento para os respetivos encontros.