O Benfica, “amachucado” pela primeira derrota interna da época, volta quarta-feira à cidade onde se sagrou bicampeão europeu de futebol, a Amesterdão, para, 52 anos depois, tentar acabar com a “maldição de Guttmann” e vencer a Liga Europa.
O treinador húngaro, que conduziu os “encarnados” aos títulos europeus em 1961 e 62, disse que o clube da Luz não mais venceria um troféu europeu e, mais de meio século depois, a sua profecia mantém-se uma realidade, para “desgraça” dos adeptos benfiquistas.
Neste espaço de tempo, o Benfica esteve em seis finais, mas perdeu-as todas, sempre frente a adversários poderosos (AC Milan, duas vezes, Inter de Milão, Manchester United, Anderlecht e PSV Eindhoven), como foram o FC Barcelona (3-2) e o Real Madrid (5-3), nas duas finais conquistadas.
Agora, a tarefa não é de menor dificuldade, já que, pela frente, o “onze” de Jorge Jesus vai ter o Chelsea, ainda o campeão europeu em título e, curiosamente, o seu último “carrasco” europeu, nos “quartos” da “Champions” 2011/2012.
Os “milionários” londrinos, o clube de Roman Abramovich, são o último obstáculo à glória “encarnada”, o derradeiro desafio de uma equipa que falhou na Liga dos Campeões, como os “bleus”, mas fez um trajeto irrepreensível na Liga Europa, até à final, a sua primeira desde 1989/90.
A tarefa afigura-se como muito complicada e o encontro disputa-se, para piorar o cenário, no momento mais dramático da época para os comandados de Jorge Jesus, acabados de perder a liderança da I Liga, a uma jornada do fim, quando sonhavam chegar à Holanda já campeões nacionais.
O grande objetivo da temporada esteve a dois triunfos caseiros (com Estoril e Moreirense) de distância, mas, neste momento, o Benfica já nem sequer depende de si próprio, após uma derrota que provocou enorme “dor de alma”.
Um golo inesperado, do “improvável” Kelvin, já nos descontos, selou no Estádio do Dragão a primeira derrota interna da temporada (1-2), quando o título já parecia a apenas uma mísera vitória.
A imensa tarefa de Jesus é, agora, transformar a “energia negativa” em algo que faça o Benfica transcender-se, única forma de poder lutar com um Chelsea muito forte e que chega a Amesterdão moralizado pelos resultados recentes.
Para o duelo do Arena, Jesus, que não pode contar com o castigado Maxi Pereira, tem ainda a missão de decidir entre jogar ou não com dois pontas de lança, esquema do qual abdicou no Dragão, deixando Cardozo no banco.
À frente de Artur, a defesa deverá ser composta por André Almeida, Luisão, Garay e Melgarejo, com Matic e Enzo Perez como elementos centrais no meio-campo.
No ataque, a opção poderá ser a mesma do Dragão, com Salvio e Ola John nos extremos e Gaitan nas costas de Lima (ou Cardozo) ou um “4-4-2” pouco utilizado em grande jogos, com Salvio e Gaitan nos extremos e Cardozo e Lima na frente.
Por seu lado, o Chelsea deverá apresentar-se no habitual “4-2-3-1”, com Cech na baliza, uma defesa com Azpilicueta, Ivanovic, David Luiz e Ashley Cole, dois “trincos” (Ramires e Lampard) e um trio (Hazard, Mata e Oscar) no apoio a Torres.
Este será o esquema do treinador espanhol Rafael Benitez, que poderá, no entanto, mudar algumas peças, como fazer subir David Luiz para o meio-campo e tirar Lampard, promovendo Cahill, ou jogar como Moses no trio da frente, em vez de Hazard ou Oscar.
Certo é que os londrinos vão jogar em Amesterdão ainda como campeões da Europa e podem tornar-se a quinta equipa a vencer duas competições diferentes em anos consecutivos e também a quinta a triunfar nas três competições europeias.
O encontro realiza-se quarta-feira no Arena de Amesterdão, a partir das 20:45 locais (19:45 em Lisboa).