Centenas de adeptos do FC Porto festejaram hoje, brevemente, a conquista do campeonato português de futebol, nas ruas de Maputo, onde, antes, a maior circulação de símbolos vermelhos do Benfica parecia justificar a sua toponímia revolucionária.
Logo que o FC Porto se sagrou campeão, uma pequena manifestação de adeptos moçambicanos portistas concentrou-se no cruzamento das avenidas Julius Nyerere e Eduardo Mondlane, gritando uma versão impublicável do hino ''SLB'', do Benfica.
João, um idoso adepto ''encarnado'' da Zambézia, centro de Moçambique, equipado à Benfica da cabeça aos pés, incluindo alfinete da gravata, cruzou, sem problemas, a euforia rival e, já no passeio, desabafou: ''Isto é uma humilhação''.
Ninguém pareceu importar-se, no entanto, entre a habitual multidão de pedintes, vendedores de quadros, crianças órfãs e clientes do restaurante de inspiração sul-africana, concentrada na principal esquina da capital de Moçambique.
Numa outra zona da cidade, carros com bandeiras azuis e brancas pararam por momentos num semáforo, sob o olhar plácido de Martin Luther King, cuja fotografia enfeita o centro cultural americano e assinala o cruzamento da avenida Mao Tse Tung, com a Kim Il Sung.
Depois, a caravana desapareceu para os lados da avenida Vladimir Lenine e, num ápice, a cidade voltou à sua modorra tranquila de domingo à noite, entrecortada por algumas buzinadelas de adeptos, misturadas com música que saía do Núcleo de Arte, repleto de pessoas que pareciam desconhecer o que se comemorava.