O brasileiro William, antigo futebolista de Benfica e Vitória de Guimarães, continua a torcer por ambos e por isso é incapaz manifestar uma preferência para a final da Taça de Portugal de futebol, no domingo.
“É um grande problema. Se perde uma das equipas, dói-me a cabeça, se perde outra, dói-me a barriga e não é fácil viver assim. É extremamente difícil ter de optar por que tipo de dor quero sentir, por isso não é salutar viver nestas condições”, afirmou William à agência Lusa.
O antigo futebolista, de 45 anos, que treinou o Vilaverdense na última temporada, reiterou que os jogadores sentem “uma motivação natural” por disputarem uma final como a de domingo, no Estádio Nacional, em Oeiras, considerando que o futebol pode ser visto como uma “metáfora da sociedade”.
“No terreno de jogo, às vezes, ocorrem coisas que refletem a envolvência social e, paradoxalmente, o Vitória de Guimarães, que imerge em problemas financeiros, acaba por fazer um campeonato tranquilo e chegar à final da Taça de Portugal. É verdade que não soluciona os problemas, mas traz alguma paz e melhora a autoestima das pessoas”, salientou o agora treinador, identificando o futebol “como elemento de compensação social gigantesco”.
Destacando o “prémio” conquistado pelos vimaranenses, com a presença no Jamor, William reconhece que a “trajetória do Benfica não é a melhor”, por ter falhado a conquista da I Liga e da Liga Europa, apesar de enaltecer a qualidade do futebol praticado pelo “onze” de Jorge Jesus.
“Este Benfica faz-me retroceder ao tempo em que jogava futebol de rua, com dois pares de pedra e sem controlar o tempo, em que os jogos terminavam aos 10 e as equipas não paravam de atacar até ganharem. Este Benfica de Jorge Jesus, quando está a ganhar, continua a atacar como se o mundo fosse acabar e isso é respeitar o legado natural e estético do futebol, em que ganhar seria apenas um detalhe, que até ao momento não aconteceu”, explicou.
William admite que a perda do primeiro lugar do campeonato, a duas jornadas para o fim no terreno do FC Porto, e a derrota na final da Liga Europa, diante dos ingleses do Chelsea, “deixa os jogadores muito tocados, do ponto de vista emocional e psicológico, depois de uma época muito pesada”.
“Agora, chega a final da Taça de Portugal com o Guimarães, que é sempre uma equipa difícil e que procura vencer este troféu há vários anos. Parece-me, em teoria, que as equipas maiores têm sempre favoritismo, mas esta final pode ter um desfecho diferente porque não sabemos o estado de espírito dos benfiquistas, depois de resultados negativos consecutivos”, disse William, antevendo, mesmo assim, que “seja um bom jogo de futebol”.
O antigo defesa central, que venceu a Taça de Portugal em 1992/93 ao serviço dos “encarnados”, realçou o “simbolismo” dos encontros decisivos do Jamor, local “agregador” da festa dos adeptos e o “culminar de todas as emoções” da época –, para demonstrar a importância do encontro de domingo.
“Acaba por ter um detalhe que é a conquista do caneco, que é algo que te engrandece, não só no currículo, mas a importância de lá ter estado e ter ganhado”, frisou William, antevendo o encontro, que confere a ambas as equipas “última possibilidade de êxito” da época 2012/13.