O Desportivo de Monção vai entregar o campo de futebol à câmara para garantir o pagamento de dívidas de 282 mil euros, conforme uma proposta já aprovada pela autarquia.
''A câmara não paga dívidas a coletividades, mas em defesa do presente e do futuro era preciso salvar a instituição. Mas vão ter que nos ceder todo o património'', afirmou hoje à agência Lusa o autarca de Monção, José Emílio Moreira.
Em causa estão 220 mil euros em dívidas do clube à Segurança Social, referentes ao período entre 2002 e 2007 e que já faziam pender uma ameaça de penhora ao clube. Acrescem 62 mil euros de dívidas a fornecedores, que também serão assumidas pelo município, segundo uma proposta já aprovada nos órgãos autárquicos locais.
''À Segurança Social temos dez anos para pagar, mas ainda vamos tentar aumentar esse prazo. A dívida ao empreiteiro e à associação de futebol será paga em 12 meses'', acrescentou José Emílio Moreira.
Em compensação, disse ainda, o clube vai ceder todo o património ao município, que inclui 16.000 metros quadrados de terrenos e respetivas infraestruturas desportivas, as quais continuará a utilizar.
''Dos 150 atletas, só seis é que não são de Monção, de todas as idades, e por isso entendemos que é um apoio que devíamos dar. Além disso, a câmara não terá mais encargos porque os custos de gestão daquele património serão suportados pelo clube'', sublinhou o autarca.
Fundado em 1933, o Desportivo de Monção pertence à Associação de Futebol de Viana do Castelo e integrou na última época, com a equipa sénior, o campeonato da III Divisão Nacional de Futebol.
A proposta de municipalizar as infraestruturas desportivas foi apresentada pela direção do clube, em 2012, como última solução, face à quebra de receitas e de outros apoios financeiros.
A câmara vai agora preparar um protocolo com as regras deste acordo, prevendo, nomeadamente, que o Desportivo de Monção continue a ter ''prioridade'' na utilização das infraestruturas e equipamentos desportivos agora municipalizados.
''Fora do calendário de ocupação das suas atividades próprias eles são obrigados a ceder o espaço a quem o requerer, mediante um regulamento a propor pelo Desportivo e a aprovar pela câmara, porque aquilo passa a ser um espaço municipal'', reforçou José Emílio Moreira.
Caso seja disponibilizada no futuro uma nova área desportiva para o clube, a autarquia admite que poderá ''reclassificar'' aquela zona - por ser propriedade municipal - para outras funcionalidades, numa ótica de gestão urbanística do centro da vila.
''É por isso um negócio muito bom para o Desportivo, mas também é bom para o município'', rematou o autarca.