Contratado pelo Barcelona em troco de 54 milhões de euros, Neymar continua a não convencer todos os adeptos. Se Lionel Messi e Cristiano Ronaldo podem ser gostados ou desgostados, nenhum amante de futebol dirá que não são o topo no que à modalidade diz respeito. Neymar, não. Mesmo depois de ser eleito o melhor jogador da Taça das Confederações, continua a estar muito longe de ser consensual.
Se uns exageram e colocam Neymar ao nível de astros como CR7 e Messi, outros não dão crédito algum às exibições do ex-craque do Santos e auspiciam-lhe um futuro de ‘flop’, tal como aconteceu com Robinho. É caso para dizer que nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Neymar ainda tem quase tudo para provar, mas a qualidade está lá. É produto do marketing e de uma enorme noticiabilidade mediática: claro. Mas os meios de comunicação nunca lhe dariam tanta atenção se esta não tivesse o mínimo de justificação. E, sabemos, na esfera pública todos passamos de anjos a diabos num piscar de olhos.
Existem pontos a favor Neymar e pontos contra Neymar. Contra ele tem o fantasma de Robinho, incessantemente apontado como possível papel químico do que será a sua carreira. Não tem que ser assim. Robinho também brilhou no Santos e chegou à Europa com o selo de menino-prodígio, mas nunca pareceu revelar a mesma maturidade de Neymar que, diga-se a verdade, não é dado a polémicas nem frases para a comunicação social noticiar, tal como fazem Ibrahimovic e Balotelli frequentemente.
Robinho falhou no Real Madrid, mas as condições de adaptabilidade de ambos os jogadores prometem ser muito diferentes. Este chegou ao Real Madrid em 2005-06, numa altura de galáticos. O plantel merengue era formado por nomes como Roberto Carlos, David Beckham, Zidane, Raul, Ronaldo e Antonio Cassano. As individualidades superavam claramente o coletivo e Robinho era apenas uma gota de água num mar de egos gigantes. Além disso, tornou-se pouco cauteloso e encontrou problemas com o alemão Bernd Schuster, que o fizeram mudar-se para o Man City, em 2008-09.
Por seu turno, Neymar será integrado num Barcelona educado para suplantar o coletivo em detrimento das individualidades. O brasileiro terá instruções precisas de que Lionel Messi continuará a ser o alvo a servir e, se tudo continuar como tem sido até aqui, o mínimo deslize de atitude não será perdoado ao internacional canarinho. E, este, só tem a ganhar com uma parceria com o colega argentino. Com talento a dobrar, dobram também as possibilidades de ambos somarem mais conquistas. Contudo, existe a possibilidade de ambos os egos chocarem e isso não se pode negar, mas seria muito pouco inteligente de ambas as partes. Messi quer manter o seu reinado no futebol mundial, Neymar procura o seu lugar ao sol entre a exigente elite europeia.
Neymar ou Neymarketing? Um pouco de ambos. Mas, analisando a frio, Neymar possui tudo para ser um craque: técnica, velocidade, facilidade de remate, visão de jogo, finalização e sentido coletivo. Todos se devem recordar dos passes de rutura que acabaram com a desconcentrada defesa espanhola na final da Taça das Confederações. A questão que falta apurar é mesmo a mentalidade e o sentido de responsabilidade. Algo que, até agora, o avançado provou ter.
À primeira vista, não me lembro de uma polémica que tenha colocado o seu profissionalismo em causa. Neymarketing? Sim, também. Agora é só provar que a imprensa tinha razão e não dar razão à imprensa para mudar de postura. Já!
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