O autor português Luís Aguilar lança hoje o livro «Jogada Ilegal», para alertar os adeptos sobre a transformação do futebol em negócio por parte da FIFA, sem recear que o organismo promova represálias contra si.
“Não temo, mas é algo que pode acontecer e isso foi algo que ponderei quando pensei em escrever o livro. Havia formas de evitar isso, como não assinar o livro, mas não me parece uma boa posição denunciar uma situação destas e não assinar. Espero que a reação seja das pessoas e dos adeptos, para que façam mais pressão para que a FIFA seja mais limpa”, afirmou Luís Aguilar, em declarações à agência Lusa.
No livro, publicado por a esfera dos livros e que é hoje apresentado pelo antigo futebolista Paulo Futre e pelo jornalista José Manuel Freitas, em Lisboa, estão reunidos casos sobre as eleições para a FIFA, a decisão de atribuir a organização do Campeonato do Mundo de 2022 ao Qatar e a votação para melhor treinador do Mundo de 2012.
“Ao compilar todas estas histórias, de manobras na FIFA em tudo o que são votações, seja para sedes de Mundiais, para melhores jogadores ou treinadores e eleições para a presidência, pretendo alertar a consciência dos adeptos, que são a parte principal da indústria, e que estejam mais atentos do que se passa na FIFA, podendo exigir que quem comanda o organismo represente melhor esta paixão de todos, que é o futebol”, explicou.
Em declarações à Lusa, Luís Aguilar reconheceu a dificuldade de mudar a forma de governação do organismo que rege o futebol, devido ao esquema de sucessões que evita o aparecimento de novos dirigentes.
“Não basta gente nova, têm de ser pessoas com novas ideias. Também é preciso limpar uma certa cultura de impunidade e de falta de transparência que se instalou na FIFA desde o tempo de João Havelange até aos dias de hoje”, sublinhou.
O autor registou que atualmente há uma “maior atenção e pressão do público”, ilustrando-a com a investigação do FBI à CONCACAF (Confederação da América do Norte, Central e Caraíbas) e com as manifestações ocorridas no Brasil durante a Taça das Confederações, antecâmara do Mundial2014.
“Quando pensamos num Mundial no Brasil, pensamos em futebol, samba, festa e não foi isso que aconteceu [durante a Taça das Confederações], os brasileiros manifestaram-se contra os custos que uma organização destas comporta. Acho que este pode ser um ponto de viragem importante”, rematou Luís Aguilar.