O seleccionador português de futebol, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, afirmou que deverá deixar a formação das ''quinas'' após o campeonato da Europa de 2008, marcado para a Áustria e a Suíça.
''Depois de cinco anos e meio e de ter renovado todo um grupo de trabalho, conseguido todas as classificações possíveis, ter jogado dois Europeus e um Mundial, acho que chegou a hora da mudança de seleccionador'', disse em entrevista ao jornal ''O Estado de São Paulo''.
O treinador que levou Portugal ao segundo lugar no Euro2004 e ao quarto no Mundial2006 acha que, após o Europeu2008, é altura de partir: ''um treinador tem que ficar num clube ou numa selecção no máximo três, quatro anos. É normal que aconteça a mudança''.
Antes de partir, ''Felipão'' quer, no entanto, dar mais uma alegria aos portugueses: ''Se Portugal vai ganhar o Europeu? estamos a trabalhar no duro e, para já, conseguimos recuperar na fase de qualificação (4-0 à Bélgica e 1-1 na Sérvia nos últimos jogos)''.
''O Euro2008 será muito difícil, mas acredito demais no grupo que montei. Vamos fazer tudo para ganhar e os adeptos portugueses sabem disso. O amor à selecção que agora é minha também voltou'', frisou o seleccionador luso.
Na entrevista, Luiz Felipe Scolari fala também de Cristiano Ronaldo: ''o potencial dele é fantástico. Eu não o digo a ele para não estragar. Faço o papel de chato e fico forçando, de modo a que ele corrija os mínimos defeitos que tem''.
''Faço o papel de pai, não vou falar para o Cristiano o que penso dele como jogador. Mas, será um marco no futebol de Portugal... será o melhor do Mundo. Tem futebol para, no futuro, ir além do Figo. E vou mais longe: igualar Eusébio, que foi o melhor de todos'', frisou.
Para Scolari, falta pouco ao jogador do Manchester United: ''basta continuar a ser humilde e trabalhador como é. E ainda é um menino maravilhoso, de coração grande''.
Em relação ao futuro, após o Europeu de 2008, o técnico que levou o Brasil ao ''penta'' no Mundial de 2002, disputado na Coreia do Sul e Japão, afirmou que equaciona a possibilidade de regressar ao comando da selecção ''canarinha'' a partir da Europa.
''Acho possível que um técnico brasileiro dirija a selecção desde a Europa. Cerca de 75 por cento dos convocados actuam aqui e os amigáveis também estão a acontecer aqui. Basta o seleccionador estabelecer uma forma de trabalho e passar uma semana por mês no Brasil para acompanhar os jogos e descobrir novos atletas'', disse.
Ao revelar que a sua família deseja permanecer na Europa, Scolari sublinhou o exemplo do seleccionador holandês Guus Hiddink, actualmente no comando da selecção russa.
''Ele treina a Rússia e mora na Holanda. Acho interessante. Posso estudar proposta para o Brasil ou outras selecções'', afirmou o seleccionador luso.
A finalizar, Scolari admitiu participar na actual campanha do Brasil para que o país seja a sede do Mundial de 2014: ''sou um brasileiro disposto a ajudar o meu país, desde que tudo seja bem estudado e ninguém seja beneficiado. Quando se faz um evento dessa magnitude é preciso passar ao povo quanto se vai gastar e estipular além do normal um mínimo de acréscimo'', disse.
''Tudo tem de ser feito com transparência. Ninguém pode levar vantagem. Ninguém. O que puder fazer pelo meu país, vou fazer, mas longe da política'', salientou.
LUSA