O seleccionador português de futebol, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, exigiu hoje uma vitória sábado sobre a Bélgica, em Bruxelas, de forma a reencontrar o caminho estabelecido no início do apuramento para o Euro2008.
Depois dos empates a uma bola na Sérvia e na Finlândia e da derrota na Polónia (2-1), a equipa portuguesa necessita de ''pontos extra'', já que o estabelecido inicialmente era, pelo menos, vencer sempre em casa e conseguir, no mínimo, igualdades fora de portas.
''Tomara que seja amanhã a primeira vitória fora na qualificação. Se vencermos, estamos dentro da meta que imaginámos no início. Como temos uma derrota e dois empates, temos um saldo devedor. Vencer é estar no nível que imaginávamos de início'', disse Scolari, momentos antes do treino de ambientação ao Estádio Rei Balduíno, ''palco'' da partida de sábado.
Sem desvendar, como habitualmente, o ''onze'' inicial, o seleccionador português desvalorizou as ausências de Cristiano Ronaldo (castigado) e Nuno Gomes, Simão e Ricardo Carvalho (lesionados), aproveitando antes para motivar os estreantes (Duda, Bosingwa e Bruno Alves), o regressado (João Tomás) e os possíveis substitutos daqueles quatro ausentes.
''Esses quatro jogadores marcaram vários golos no apuramento (11, dos 13 já conseguidos) porque tiveram outros jogadores com eles. Por isso é que eles marcaram. Aqueles que sábado estiverem no ‘onze’ também têm condições para marcar golos. Não estou preocupado com quem não está aqui. Apenas com os que estão'', frisou.
Ainda sobre os ausentes, todos habitualmente titulares, Scolari reafirmou a qualidade dos substitutos - sempre sem desvendar o ''onze'' - e explicou que os três treinos apenas realizados e o sistema já conseguido tornarão impossível uma mudança de estratégia táctica.
''Não posso mudar a estratégia. Temos jogado com esse estilo há quase quatro anos. Está estabelecido um padrão com este ou outro jogador, mesmo para colmatar essas falhas. Quem eu escolher, é porque está identificado com o estilo. Não podemos descaracterizar um estilo que já trabalhamos há muito tempo'', adiantou o técnico.
Scolari assumiu esperar uma Bélgica mais pressionante do que em Alvalade (vitória lusa por 4-0) e lembrou que, em Lisboa, Portugal foi muito eficaz, marcando quatro golos, em seis oportunidades.
''Do Mundial para o jogo de sábado, temos 13 jogadores diferentes. Num mês apenas treinamos três dias, mas as outras selecções também são assim, apesar de a Bélgica estar a treinar há mais tempo. Queremos transmitir aos atletas que este jogo é decisivo. Teremos de superar o adversário e também as inerências de um final de campeonato'', disse.
Sobre a transferência de Nani do Sporting para o Manchester United, o treinador brasileiro considerou que a mudança até pode ser benéfica para a selecção, mas exigiu ao jovem craque grande concentração e sublinhou que, muito do que o atleta conseguiu, também se deve à selecção portuguesa.
''Nani é um menino com cabeça boa e que entendeu o que se passou. Ele tem de entender que está na selecção. As transferências são normais nesta época e temos de entender o mercado. Mas ele tem de fazer o melhor sábado e jogar da forma como sempre jogou. Se ele não cumprir, tem de haver troca. Ele está muito mais feliz e vai jogar com mais satisfação. A transferência é óptima para ele, para o Sporting, para a selecção e para o Manchester'', advertiu.
Luiz Felipe Scolari avisou ainda os clubes que os jogadores estão todos empenhados na selecção portuguesa e que apenas haverá dispensas em caso de lesão ou pela importância do Campeonato da Europa de sub-21, prova para a qual estão convocados Nani, João Moutinho, Antunes e Hugo Almeida.
''Que os clubes todos saibam: só será desligado depois do jogo de sábado, quem estiver lesionado ou um ou dois jogadores dos sub-21. Depende do que acontecer. Senão, alguns jogadores dos sub-21 podem jogar no Kuwait. Não adianta cartas dos clubes, nem nada. Quem nos contratou para jogar no Kuwait, merece que vá a melhor equipa'', disse.
Scolari elogiou a correcção da Federação Portuguesa de Futebol e voltou a deixar o aviso, já célebre: ''Lembro-me sempre de quem me ajuda, mas também me recordo de quem não o faz''.
''A selecção portuguesa é a mais honesta possível. Joga um dia antes das outras selecções (terça-feira), para dar mais um dia aos jogadores. A maioria dos clubes pediu a ausência dos jogadores, mas tenho de valorizar quem cá está com disposição de jogar pela selecção. Sinto que os jogadores estão motivados para ir ao Kuwait. Temos uma troca: dar e receber”, sublinhou.
A finalizar, Scolari foi questionado a propósito de uma notícia hoje publicada no jornal inglês The Sun sobre a cobiça do Chelsea nos seus serviços e respondeu de forma lapidar: ''O Acaz (assessor de imprensa de Scolari) falou-me nessa notícia. Mas eu não conheço ninguém do Chelsea, apenas alguns portugueses que jogam e trabalham lá. Esse assunto é normal. Estamos na época do tiro ao pombo. Às vezes mata, outras vezes não'', concluiu o seleccionador.
As selecções de Portugal e Bélgica jogam sábado, no Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, a sétima partida do grupo A de apuramento para o Europeu da Áustria e Suíça.
A partida, agendada para as 19:45 em Lisboa (20:45 em Bruxelas), é arbitrada pelo sueco Martin Hansson.
LUSA