O empresário Joe Berardo disse que lançou a Operação Pública de Aquisição (OPA) sobre a Benfica Futebol SAD “para ajudar” o clube “a ser campeão europeu e recuperar a glória do passado”.
“Temos que descobrir um novo Eusébio, temos que descobrir um novo Rui Costa, temos que descobrir um novo (José) Águas”, disse Joe Berardo em entrevista gravada quinta-feira e emitida hoje pela estação de rádio pública Antena 1.
Joe Berardo fez esta referência a Rui Costa depois de ter voltado a pedir desculpas ao médio, de 35 anos, e explicado o que quis dizer quando se questionou por que razão o número 10 não regressou ao Benfica quando tinha 25 anos.
Reafirmando que não quis “pôr em causa a dignidade do homem”, insistiu, porém, que o Benfica tem de possuir jogadores mais jovens e respondeu à pergunta de Rui Costa sobre onde estavam os “homens providenciais” em 1994, quando se transferiu para a Fiorentina, numa altura em que o Benfica vivia grande crise financeira.
“Era outra altura. O Benfica não era como hoje, que tem a SAD e tem de declarar as coisas. Eu não sei qual era a situação e na altura era presidente da Assembleia Geral do Marítimo”, disse Joe Berardo, pedindo de novo desculpas a Rui Costa - que voltou ao clube do coração no Verão passado, após 12 anos em Itália - e a considerar que foi “infeliz” nas suas declarações.
Mas, segundo o empresário, o Benfica não será campeão europeu “como está”, necessitando de “apostar em jogadores jovens talentosos que sejam uma mais-valia no futuro”.
“Felizmente esta Direcção não vendeu o Simão”, aplaudiu, acrescentando, no entanto: “Mas isso não implica que no futuro não tenhamos que mudar a equipa”.
O empresário madeirense anunciou em 15 de Junho uma OPA sobre 60 por cento do capital da Benfica Futebol SAD, coma promessa de comprar todas as 9.000.001 acções de categoria B a 3,5 euros, para um valor total de 31,5 milhões de euros, tendo colocado como condição de sucesso a aquisição de metade destes títulos ordinários.
Mas posteriormente a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) obrigou-o a alargar a OPA a 85 por cento do capital da sociedade, por entender que o detentor das acções de categoria A também tem de ter oportunidade de as vender.
O Sport Lisboa e Benfica detém 40 por cento da SAD em 6.000.000 acções de categoria A, que lhe conferem privilégios especiais, e a CMVM não obrigou Joe Berardo a alargar a OPA à totalidade do capital porque a lei determina que o clube que deu origem a uma SAD tem de ter um mínimo de 15 por cento.
Joe Berardo reafirmou que a OPA tem como objectivo “ajudar” o Benfica e os seus accionistas: “Pensa que faço isto para ganhar dinheiro? Claro que não. Faço isto para ajudar. Dou um prémio de 30 por cento acima (da cotação da véspera do anúncio). A tendência que estava a acontecer era para as acções irem mais para baixo”.
Frisando que neste momento tem apenas 5.000 acções da SAD, o empresário enfatizou: “Se não sou administrador, o meu trabalho é ajudar o Benfica e ajudar os accionistas a terem uma mais-valia. E, depois, quem quer vender, vende, quem quer guardar, guarda”.
LUSA