A selecção portuguesa de futebol está obrigada a vencer no Azerbaijão (13 de Outubro) e Cazaquistão (17), em jogos do grupo A de apuramento, para continuar dependente de si própria na corrida ao Europeu de 2008.
Depois do desastre na última dupla jornada (empates caseiros com Polónia e Sérvia), Portugal ficou sem margem para errar, podendo mesmo ter de vencer os últimos quatro jogos (faltam também as recepções a Arménia e Finlândia) para chegar à fase final.
Se somar quatro triunfos, a formação das “quinas” tem lugar assegurado na Áustria e na Suíça, independentemente dos outros resultados, mas, se isso não acontecer, poderá ter de ir ao “fundo do baú” buscar a “calculadora”, que há muito não era necessária.
Não é, aliás, preciso fazer grandes contas para encontrar um cenário em que seja preciso adicionar 12 pontos aos 17 já conquistados: a Sérvia vencer os seus quatro jogos (fora com Arménia e Azerbaijão e em casa com Cazaquistão e Polónia) e a Polónia perder em Belgrado, vencendo nas recepções a Cazaquistão e Bélgica.
Se este cenário acontecesse, a Sérvia somaria 28 pontos e a Polónia contaria 27, o que obrigaria Portugal a vencer os quatro jogos, já que um empate que fosse deixaria a equipa lusa com 27, insuficientes face ao confronto directo com os polacos (2-2 e 1-2).
Como, apesar do natural favoritismo, não se prevêem facilidades a fechar, face à Finlândia, no Estádio do Dragão, a 17 de Novembro, a equipa lusa está perante duas finais, separadas por quatro dias, e que não se prevêem nada fáceis.
O Azerbaijão, onde Portugal empatou na única deslocação (1-1, com um golo de Figo... aos 93 minutos, na corrida ao Euro2000), e o Cazaquistão estão longe de serem grandes potências ou sequer equipas do “meio da tabela” europeia, mas são difíceis de bater em casa.
Entre as equipas que lutam pelo apuramento, a Finlândia caiu no Azerbaijão (1-0) e a Sérvia foi derrotada no Cazaquistão (2-1), resultados que demonstram que, para vencer, Portugal, como qualquer outra equipa, terá de se aplicar a fundo.
O estatuto de vicecampeão Europeu e quatro no último Mundial é muito “bonito”, mas, em Baku e Almaty vale pouco ou nada, sendo aliás mais uma motivação para os locais, ávidos de “dar nas vistas” frente aos “grandes”, já que não correm pelo apuramento.
Portugal deverá, assim, preparar-se para dois grandes combates, sendo que, para complicar as coisas, não terá o jogador que melhor encarna esse espírito, o “trinco” Petit (lesionado), além de Jorge Andrade, a recuperar de nova cirurgia, Pepe, que, também devido a lesão, vai ver a sua estreia de novo adiada, e Bosingwa.
De fora estará também o seleccionador luso, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, que, devido a ter sido penalizado pela UEFA, na sequência da agressão ao jogador Dragutinovic no final do Portugal-Sérvia, não poderá estar no banco, passando o comando para o adjunto Flávio Teixeira, vulgo “Murtosa”.
Os jogadores lusos terão também de superar os possíveis “traumas” provocados pela última jornada dupla: os quatro pontos desbaratados em casa face a Polónia (2-2, a 08 de Setembro) e Sérvia (1-1, a 12), com tentos sofridos aos 87 minutos.
A formação das “quinas” foi infeliz, sobretudo pela forma como sofreu os golos - o dos polacos surgiu de uma bola que bateu no poste, tabelou nas costas de Ricardo e entrou e o dos sérvios foi apontado em claro fora-de-jogo -, mas isso aconteceu porque se colocou a “jeito”, ao recuar demasiado no terreno para defender a vantagem mínima.
Estes resultados “furaram” a “matemática” de Scolari (vitórias em casa e empates fora), agora com três pontos negativos (Portugal soma 17, em 10 jogos, quando deveria ter 20), que só poderá ser restabelecida com quatro triunfos nos derradeiros quatro embates.
Sem ainda ser crítica, até porque pelo andamento do grupo é previsível que os outros candidatos continuem a ceder pontos, a situação da selecção lusa está, assim, longe de ser famosa, podendo complicar-se muito ou melhorar substancialmente após Outubro.
A Polónia (21 pontos, em 11 jogos) deverá continuar líder, já que recebe o Cazaquistão, enquanto a Finlândia, segunda (19, em 11), tem uma deslocação perigosa à Bélgica e a Sérvia, quarta (16, em 10) uma dupla jornada fora semelhante à lusa, na Arménia e Azerbaijão.
No meio de tantas situações que podem contribuir para o falhanço, também existem, porém, aspectos positivos, como o regresso do central Ricardo Carvalho, o líder do sector defensivo, e, claro, a presença de Cristiano Ronaldo.
O jogador do Manchester United, que cumpre no Azerbaijão a 50ª internacionalização “AA”, é o maior trunfo da selecção lusa, ou, como um dia disse Giovanni Trapattoni, então referindo-se a Simão, no ano do título do Benfica (2004/2005): “graças a Deus, temos Ronaldo”.
LUSA