O futebolista Luís Figo afastou hoje novamente a hipótese de regressar à selecção portuguesa, apesar de ter recebido um abaixo-assinado com 5.000 assinaturas a pedir para voltar a vestir a camisola de Portugal.
Figo disse ter recebido o abaixo-assinado promovido por um adepto, mas não chegou a falar com o promotor da iniciativa, que lhe fez chegar as assinaturas de milhares de portugueses que queriam vê-lo de novo ao serviço do país.
“Há coisas que não têm de ser alimentadas. Sempre afirmei que o meu contributo para a selecção nacional foi, para mim, brilhante. Estou extremamente feliz por todos os anos que representei o meu país, mas neste momento acho que o meu percurso na selecção acabou no Mundial da Alemanha”, afirmou o jogador português.
Figo disse que não teve oportunidade de se encontrar com o promotor do abaixo-assinado e garantiu que o seu primeiro sentimento para com as pessoas que o rubricaram “é de tristeza, por não poder corresponder à vontade de vários milhares de portugueses”.
O jogador do Inter de Milão, que falou à margem da apresentação do livro “Filhos do Coração”, que escreveu em parceria com a jornalista Alexandra Borges, tem, por outro lado, “um sentimento de que Portugal fez uma qualificação boa” e espera que “no Campeonato da Europa (da Áustria e Suíça, em 2008) a equipa possa demonstrar toda a qualidade que demonstrou nos últimos anos”.
“Apesar de poder haver diferentes opiniões sobre o meu regresso à selecção nacional, a minha decisão está tomada. Neste momento faço parte da população portuguesa que quer que a selecção nacional tenha um bom desempenho em todas competições em que marca presença”, reiterou.
Figo sublinhou que o seu “percurso na selecção nacional tinha de ter um fim e o momento exacto foi no Mundial de 2006”, onde ajudou Portugal a chegar ao quarto lugar.
“Portugal tem neste momento bons atletas, que têm vindo a fazer um trabalho fantástico e eu, neste momento, só posso apoiar de fora como todos os portugueses”, sustentou.
Questionado se a sua opinião se alteraria com a certeza de que Portugal viria a vencer o Europeu, Figo respondeu que “no futebol as decisões ao longo da carreira de uma pessoa são tomadas no momento e não pelo que vai acontecer amanhã”.
Relativamente ao seleccionador, Luiz Felipe Scolari, que foi muito contestado durante a fase de qualificação pela agressão a um jogador sérvio e pela impulsividade a reagir às perguntas de jornalistas, o antigo número sete de Portugal considerou que o brasileiro “tem feito um trabalho fantástico”.
“Normalmente nós portugueses, alguns portugueses, gostam de salientar os factores negativos, mas ninguém fez melhor que Scolari na selecção. Mesmo que Portugal não consiga o que quer que seja no Campeonato da Europa, acho que o seleccionador nacional é a pessoa exacta neste momento à frente da nossa selecção”, acrescentou.
Figo disse ainda que todos os que trabalharam com Scolari têm de “estar agradecidos pelo que ele tem dado à selecção nacional”.
Luís Figo encontra-se a recuperar de uma fractura do perónio sofrida a 04 de Novembro, no dia em que completou 35 anos, na sequência de uma entrada do médio checo Pavel Nedved durante o jogo Juventus-Inter de Milão (1-1), mas espera estar apto em 2008.
O futebolista indicou que espera, “a partir de Janeiro, já estar em condições de poder efectuar o mesmo trabalho que os companheiros”.
“A partir daí, depois, logo se vê, dependendo das decisões do treinador. Mas espero no princípio do ano já estar em condições”, frisou.
Figo garantiu ainda que continua a pensar em pendurar as chuteiras para o futebol de alta competição no final da temporada, quando concluir o contrato com o Inter de Milão.
“Em princípio, a minha decisão é parar este ano com a alta competição e depois logo se vê o que se pode fazer”, afirmou.
O único português eleito o melhor jogador do ano pela FIFA, em 2001, manifestou ainda a sua convicção de que Cristiano Ronaldo pode vir a sucedê-lo no palmarés da distinção.
“Tenho a convicção que sim, ele pode vencer. Se não for este ano, será no próximo. Só espero que se torne realidade”, disse, sublinhando que, se votasse, seria difícil escolher em quem o faria, porque não podia votar no jogador do Manchester United por serem ambos portugueses.
LUSA