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Sporting: A coroação do Duque de Bragança

Artigo de opinião de Gil Nunes.

Sporting: A coroação do Duque de Bragança
Depositphotos

Se Daniel Bragança é o jogador mais injustiçado dos leões? Talvez sim, talvez não. Com certeza uma mensagem de estímulo a um elemento com a capacidade de aportar ao leão aquilo de que ele carece – um médio com mais saída de bola e critério - que seja capaz de ligar os setores e de refrescar uma linha ofensiva que não pode insistentemente viver da bola em profundidade para Gyokeres.

Condicionar as saídas dos laterais sportinguistas, ser tremendamente eficaz nos duelos e, acima de tudo, fazer com que os médios leoninos (Hjulmand e Morita) recebessem a bola sempre de costas para o jogo. O PSV estudou o Sporting ao pormenor e as rígidas marcações tinham, a montante, outro objetivo: provocar o erro individual num adversário jovem e sem grande experiência para estas andanças; e recuperar em zonas altas para proporcionar as entradas dos médios e dos alas, que saíam como uma flecha mal essa recuperação acontecia.

De facto, o PSV foi a equipa mais consolidada que o Sporting enfrentou esta temporada. E que provocou sensações diferentes. Sem Pedro Gonçalves, o Sporting careceu de uma transportadora. Ou seja, um elemento capaz de recuar e conduzir a bola em progressão, não só para obrigar ao recuo dos neerlandeses como também para refrescar as soluções de ataque da linha ofensiva. Foi este o calcanhar de Aquiles dos leões: na falta de soluções toca a meter a bola em profundidade para Gyokeres. Ele resolve. Ou não e o que se viu foi uma solução utilizada ao expoente da loucura que, para além de repetitiva, desgastou o sueco para lá dos limites do tolerável. Sem que ele seja o Super-Homem (e quebra como toda a gente) e o jogo do PSV não é o último da temporada.

Se a utilização de Geny Catamo – ala muito rápido – perspetiva que Rùben Amorim já estivesse preparado para o casulo dos neerlandeses e procurasse o antídoto através das saídas rápidas, certo é que as fontes de alimentação estiveram altamente condicionadas. O PSV também foi hábil na forma como condicionou Gonçalo Inácio, sabendo da sua capacidade criativa para criar linhas de passe. Outro aspeto interessante residiu no fechamento dos espaços em torno de Trincão – que atuou mais ao centro – com um objetivo indireto: impedir que Trincão recuasse para provocar a descompressão – uma saída de bola limpa para a circulação de bola cozinhada na linha defensiva. A vitória frente ao Lille passou muito por aí.

O PSV foi de tal forma eficaz que os erros brotaram com naturalidade. No caso de Debast, um duplo erro. E um duplo erro grave. Se não é admissível que alguém passe a bola para o meio naquelas circunstâncias, muito menos é tolerável passar a bola em específico para um jogador – Geny Catamo – que não é robusto e que está habituado a bolas em profundidade (e nunca para reter). Sim, Debast até já marcou golos de arromba e é, sem dúvida, uma contratação conseguida, mas o chip tático ainda está longe de ser inserido na totalidade.

Do céu ao inferno sempre numa fração de segundos, o que impede uma utilização mais regular. É que Eduardo Quaresma até dispôs da melhor oportunidade do segundo tempo, quando se isolou na sequência de um corte fantástico e tabelinha com Morita. E escorregar é humano. O que não é admissível é o jogador ficar uma carrada de segundos a lamentar-se, no chão, após perder o golo. Do oitenta ao oito. Ou então salvar um golo mesmo a acabar depois de ter, literalmente, oferecido outro, quase certo, a Bakayoko. Assim não. É que a palavra de ordem nem é bem espetacular: é mais regular. É mais defesa-central.

Só mesmo o individual para equilibrar a balança e resolver o assunto. Daniel Bragança foi, sobretudo, limpinho: criterioso, sem grande risco, e dando-se ao jogo e à busca de espaços em zonas ofensivas. É certo que também ele procurou Gyokeres em demasia e as coisas não correram a cem por cento. Mas o que importa reter são os benefícios indiretos: a criação de uma linha de três no miolo definida por um jogador com critério fez com que os neerlandeses tivessem de destapar muitas das suas linhas de contenção – sobretudo corredores ficaram mais libertos – e, com isso, a frente ofensiva ficasse definida com outros pilares.

È que a missão de Daniel Bragança era tremenda. Na eventualidade de ter falhado e não ter acrescentado a luminosidade que se pedia, o Sporting teria ficado careca e à mercê de uma nova enxurrada. E o maior elogio que se pode fazer ao médio é dizer que foi regular: nas zonas certas, sem grande espetáculo, mas com muita eficácia e inteligência. E uma finalização de pé direito que, mesmo não sendo o pé preferencial, foi típica de quem pretendeu apanhar a bola em cheio e não falhar. Pormenores. Por maiores.

E Rúben Amorim tem toda a razão quando refere que a questão do piso – muito escorregadio – é também culpa dos jogadores que não utilizaram as botas mais convenientes. Não que tenha sido um deslize catastrófico, mas uma competição deste género impõe outro tipo de atenção. Uma maior minúcia. Até porque o Sporting pode ir longe na competição se conseguir erradicar de vez uma sequência de minudências que podem deitar tudo a perder. Às quais não está tão habituado em Portugal. Agora, é Liga dos Campeões. Tubarões implacáveis à solta no mar verde.

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