O treinador do Paços de Ferreira, Henrique Calisto, disse hoje que a espinha dorsal da equipa para a próxima época está definida e desaconselhou uma revolução num plantel que já assegurou a permanência na Liga de futebol.
''A espinha dorsal está feita e não se podem fazer revoluções no plantel. O ideal será manter os que se conseguirem em termos financeiros e, sobretudo, manter a estabilidade financeira, que é a pedra de toque para a estabilidade emocional do grupo'', disse Henrique Calisto à agência Lusa.
Em jeito de despedida, o técnico, de 58 anos, falou na necessidade de aquisição de ''quatro jogadores'', sem revelar as posições, até para não interferir com o trabalho de planificação da próxima época, no qual tem estado a colaborar, apesar da sua quase certa saída.
''Não há decisão nenhuma e a planificação está a ser feita. Fui um homem feliz em Paços, vim encontrar um clube estável, uma equipa técnica de grande qualidade, um excelente departamento médico e um plantel de grande caráter. Tenho de agradecer ao Paços a oportunidade de aparecer, mas esta é a minha vida profissional'', sublinhou.
Calisto tem mercado no sudeste asiático, após 11 anos a trabalhar no Vietname e na Tailândia, e o bom desempenho realizado na Mata Real pode ter apressado o retomar de uma ligação que interrompeu este ano, quando acedeu ao convite para treinar o Paços de Ferreira, sucedendo a Luís Miguel, na altura em último lugar, ao fim de 11 jornadas.
''Depois de 32 anos como treinador, sei ver bem os riscos. A situação era difícil, muito difícil, mas já tinha visto alguns jogos do Paços e vi que havia possibilidades para uma mudança'', recordou.
O técnico reposicionou os jogadores em campo, reforçou a defesa e mudou a mentalidade, a partir de um ''discurso sempre de grande serenidade'', procurando ''mostrar sempre as coisas boas que o grupo tinha''.
''O jogo de mudança foi frente ao FC Porto, para a Taça da Liga, em que perdemos, mas já se sentiu alguma coisa diferente para melhor, seguindo-se bons jogos em Vila do Conde frente ao Rio Ave e em casa com o Marítimo. E a equipa começou a acreditar'', sublinhou.
As exibições acompanharam os resultados e a equipa acabou por largar a zona de despromoção e garantir mais cedo a permanência, em resultado dos 21 pontos obtidos só na segunda volta, com um plantel reduzido e escolhas muito condicionadas por lesões e castigos.
''Na altura, apontávamos para os 30 pontos e o jogo decisivo seria frente ao Rio Ave. Conseguimos mais cedo os objetivos e, após a conquista do ponto frente ao Braga [duas jornadas antes], houve um certo relaxamento. A verdade é que com uma primeira volta ao mesmo nível, fazíamos 42 pontos e estávamos lá em cima'', afirmou.
Destacando o ''bom coletivo'' que reencontrou na Mata Real, Henrique Calisto destacou entre as revelações da Liga os seus pupilos Melgarejo, Vítor Silva, Luiz Carlos e Luisinho, juntando à lista de debutantes na prova Salvador Agra (Olhanense), Luís Neto (Nacional), Axel Witsel (Benfica) e Diego Capel (Sporting).
Além destes, o técnico pacense, que considerou o FC Porto um ''justo vencedor, revelou que gostou bastante de James Rodriguez (FC Porto) e Candeias (Nacional), que ''apareceu em alto nível'', mas que o bicampeão portista Hulk ficou no topo, num plano ''muito distante de todos os outros''.