O ex-selecionador de futebol de Portugal, Carlos Queiroz, disse hoje à entrada do Tribunal da Covilhã que espera ser ilibado da acusação de difamação agravada movida por Luís Horta, presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP).
Em causa estão alegados insultos sobre Luís Horta proferidos por Queiroz, há dois anos, quando encarou uma equipa da ADoP que iria fazer um controlo, na Covilhã, durante o estágio da Seleção Nacional para o Mundial de 2010.
Carlos Queiroz pediu abertura de instrução do processo e apresenta 11 testemunhas a seu favor, que começaram a ser ouvidas na segunda-feira no Tribunal da Covilhã.
Pinto da Costa, presidente do Futebol Clube do Porto, foi uma das figuras arroladas que hoje marcou presença ao lado do arguido na segunda audiência de instrução.
O comentador desportivo Rui Santos, o técnico Daniel Gaspar e o ex-futebolista António Simões, companheiros de trabalho de Queiroz, são outras das testemunhas.
À entrada no tribunal, pelas 09:40, Carlos Queiroz disse estar ''tranquilo'' e ''absolutamente convencido de que a acusação não tem nenhum fundamento''.
Acrescentou ainda que ''não há base para nenhum acordo. Confio na justiça do tribunal''.
Questionado pelos jornalistas se estava arrependido das declarações que proferiu, Queiroz foi perentório: ''não'', mas reconheceu que ''se fosse hoje, tinha outra posição, que depois digo quando tudo isto acabar''.
Disse estar ''cansado, mas confiante: “Estou muito agradecido ao Tribunal da Covilhã e ao juiz por me darem a oportunidade de falar. A única vez que fui ouvido foi na Suíça e fez-se justiça, fui ilibado'', sublinhou.
O técnico fazia referência a uma deliberação de março de 2011 relacionada com a decisão da ADoP de o suspender por seis meses.
Na altura, recorreu para o Tribunal Arbitral do Desporto, na Suiça, que concluiu que Queiroz não teve intenção de perturbar qualquer ação de controlo antidoping.
No processo judicial que decorre na Comarca da Covilhã, Paulo da Mata, advogado do queixoso Luís Horta, acredita que ''há matéria para chegar a julgamento''.
Sobre a instrução, em que Luís Horta não está presente, referiu que ''a maioria das testemunhas'' arroladas por Carlos Queiroz, para além de dois seguranças, ''sobre os factos, nada sabem''.
Ainda assim, ''todas merecem sempre credibilidade, independentemente de terem ou não estado presentes'' na altura dos factos em causa.
Segundo os advogados de ambas as partes (sendo que Rui Patrício defende Carlos Queiroz), a audição de testemunhas dificilmente será concluída hoje e a fase de instrução, que deverá incluir um debate final para apresentação de alegações, terminará em julho.
Na altura, caberá ao juiz decidir se o caso avança para julgamento. Se for essa a decisão, a moldura penal poderá depois ir até aos oito meses de prisão ou multa.