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A troca de galhardetes entre o jornal Marca e a estrutura do Real Madrid ainda deve estar a começar, mas as suas consequências parecem perfeitamente definidas. E não beneficiam nenhuma das partes. Nesta guerra titânica pela posse da verdade, o mais certo é cada um ter a sua quota de razão, embora a pretenda tornar absoluta sem razão para tal. Quem ganhará com isto? A resposta parece óbvia e chama-se… Barcelona.
A instabilidade do adversário é, muitas vezes, o motor que precisamos para conseguirmos os nossos objetivos. É duro dizê-lo, mas, no fundo, sentimo-nos sempre mais fortes quando a presa dá sinais de fraqueza. É a pura natureza humana. Nas últimas semanas, TODA a estrutura do Real Madrid tem dado sinais de extrema fraqueza e só o Barcelona e as equipas que defrontarem os merengues neste clima beneficiarão. A época pode ficar em xeque. De vez…
Quem deu o mote foi o desportivo Marca. O jornal garantiu que Iker Casillas e Sérgio Ramos terão almoçado com o presidente Florentino Pérez e exigido a demissão de José Mourinho. A manchete ‘Presidente, Mourinho ou nós’ não deixa dúvidas. Mais tarde, o máximo responsável do Real Madrid, que nem se trata de nenhum animal mediático, agendou uma conferência de imprensa extraordinária para desmentir a notícia matutina.
Ainda no mesmo dia, o diretor da Marca, Óscar Campillo, também usou da sua palavra e expressou a certeza de que o que o seu periódico havia dito se tratava de uma verdade absoluta. «A Marca não quer desestabilizar o Real Madrid. O que faz é contar aos seus leitores o que realmente acontece», salientou. No entanto, o dia não terminou sem Casillas e Sérgio Ramos também usarem da palavra. Em comunicado, os dois jogadores puseram-se do lado do presidente e desmentiram qualquer ultimato, apesar de terem admitido que existiu, de facto, uma reunião.
Ontem, sexta-feira, a capa do jornal Marca adensou o clima de ‘toma lá, dá cá’ entre o jornal e a estrutura madrilena. O desportivo apresentou algumas mensagens trocadas por jornalistas e fontes não-identificadas dos madrilenos, onde é claro o ultimato de Sérgio Ramos e Iker Casillas ao presidente Florentino Pérez. A questão que se coloca é: quem diz a verdade? Não sabemos. Para os portugueses, talvez seja mais fácil acreditar que é Florentino Pérez, pois existe uma ideia claramente difundida de que José Mourinho é ‘persona non grata’, mesmo para alguns adeptos do Real Madrid; por outro lado, os espanhóis terão maior facilidade em apoiar a versão da Marca, tantas vezes criticado por ser a bandeira dos interesses do campeão da Liga BBVA.
Uma coisa parece certa. Enquanto tudo acontece na capital, o Barcelona segue a todo o gás. A equipa de Tito Vilanova perdeu pela primeira vez na Liga BBVA há uma semana (3-2, Real Sociedad), mas continua a liderar com oito pontos de avanço para o Atlético de Madrid e 15 pontos para o Real Madrid. Os catalães venceram categoricamente em Málaga (2-4) e atingiram as meias-finais na Taça do Rei (frente ao Real Madrid), sabendo que irão encontrar o AC Milan nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. No final de contas, a Marca pode ter enfiado mais uns pregos no caixão da credibilidade e o Real Madrid destruído de vez o balneário e o que resta da temporada.
Quando alguém se esfaqueia a si próprio, as coisas tornam-se muito mais fáceis...
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