A seleção portuguesa de futebol procura manter viva em Belfast a chama da qualificação direta para o Mundial2014, mas a Irlanda do Norte já deixou suficientes avisos à navegação e pode até complicar o acesso aos «play-offs».
Se é verdade que os norte-irlandeses estão na prática há muito arredados da discussão do apuramento, podem ter uma palavra importante a dizer sobre as pretensões de Portugal, Rússia e Israel de terminarem nos dois primeiros lugares do grupo F europeu de qualificação e sobre a sua não menos importante ordem.
Foi precisamente a recente vitória por 1-0 da Irlanda do Norte na receção à Rússia que conferiu à seleção lusa um “balão de oxigénio” na luta pelo primeiro lugar da “poule” – que proporciona o apuramento direto para a fase final -, mas Portugal também já provou o “veneno” do contra-ataque norte-irlandês, com a agravante de o ter feito em casa, ao empatar 1-1 no Porto.
Portugal lidera o agrupamento com dois pontos de vantagem sobre a Rússia e três sobre Israel, mas tem mais um jogo realizado do que os dois principais rivais e para se manter no topo está dependente de um deslize dos russos e proibido de cometer algum erro nas três últimas partidas da fase de qualificação, entre as quais a (ainda mais) decisiva receção a Israel.
Para evitar uma “escorregadela” que poderá deitar por terra as aspirações de obter um “bilhete” direto para o Brasil, a seleção portuguesa terá de contrariar a história na próxima sexta-feira, pois venceu apenas um dos seis jogos que disputou em Belfast, há 19 anos, tendo empatado três e perdido dois.
O selecionador Paulo Bento tem-se mantido intransigente quanto ao objetivo de terminar no segundo lugar e discutir o acesso à fase final do Mundial no “play-off”, rejeitando a luta pela vitória no grupo por não depender de si, o que retira dramatismo a um eventual empate em Belfast, até porque quatro dias mais tarde Israel tem um duro teste na Rússia, que goleou em Telavive por 4-0.
As maiores preocupações do treinador nacional voltam a ser as lesões de alguns jogadores influentes, em especial a do “capitão” Cristiano Ronaldo, que se apresentou na segunda-feira em Óbidos com uma mialgia na coxa direita que o impediu de participar nos dois primeiros treinos, mas Paulo Bento tem mais “baixas”.
Os avançados Licá, em estreia absoluta nos convocados da “equipa das quinas”, e Nelson Oliveira tiveram de ser chamados à última hora para substituir os lesionados Hugo Almeida e Danny – que se apresentou com o mesmo problema de Ronaldo – e o guarda-redes Beto recupera de um traumatismo na anca direita.
Apesar dos receios sobre o estado clínico de Ronaldo, o jogo da capital norte-irlandesa até pode ficar na história por permitir ao avançado do Real Madrid, autor de 40 golos com a “camisola das quinas”, igualar ou superar o registo de 41 remates certeiros do lendário Eusébio, segundo marcador da seleção portuguesa, apenas atrás de Pauleta, que marcou 47 tentos.
Portugal estará um pouco mais pressionado para obter um resultado positivo na Irlanda do Norte porque no mesmo dia os dois principais adversários na corrida à fase final, Rússia e Israel, jogam em casa com as duas equipas mais fracas do grupo, o “lanterna vermelha” Luxemburgo e o Azerbaijão, respetivamente.
Além disso, há quatro jogadores da equipa portuguesa - Bruno Alves, Miguel Veloso, Fábio Coentrão e Luís Neto -, todos possíveis titulares, que terão de ter cuidados especiais em Belfast, pois se forem admoestados com um cartão amarelo ficarão automaticamente suspensos para a receção a Israel, essa sim, absolutamente decisiva para as contas do apuramento.
O jogo entre a Irlanda do Norte e Portugal está marcado para sexta-feira, no estádio Windsor Park, em Belfast, com início às 19:45 (hora de Lisboa) e será dirigido pelo árbitro holandês Danny Makkelie.