Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, dominadores do futebol mundial na última década e meia, foram súbitos protagonistas de um inolvidável mercado de transferências, que perdurou até terça-feira e fechou negócios a minutos do limite.
Insatisfeito ao fim de três épocas nos italianos da Juventus, o avançado internacional português esteve apontado a Real Madrid e Manchester City e ‘carimbou’ o regresso ao Manchester United 12 anos depois, incentivado pelo ‘lendário’ treinador escocês Alex Ferguson, que o orientou durante a primeira passagem por Old Trafford (2003-2009).
Antes dessa simbólica oportunidade de mercado, avaliada em 15 milhões de euros (ME), com mais oito em variáveis, os ‘red devils’ já tinham mostrado pujança financeira por Jadon Sancho (ex-Borussia Dortmund, 80) e Raphaël Varane (ex-Real Madrid, 40).
Só acima dos 140 ME do Manchester United surge o Arsenal, último classificado da Liga inglesa, com 165,6 ME, entre Ben White (ex-Brighton, 58,5), Martin Odegaard (ex-Real Madrid, 35), Aaron Ramsdale (ex-Sheffield United, 28), Takehiro Tomiyasu (ex-Bolonha, 18,6), Albert Sambi Lokonga (ex-Anderlecht, 17,5) e Nuno Tavares (ex-Benfica, oito).
Os ‘gunners’ foram mesmo o clube com pior saldo no verão, ao faturarem 29,4 ME, numa janela em que o campeão inglês Manchester City estabeleceu a operação mais cara de 2021/22 com Jack Grealish (ex-Aston Villa, 117,5) e captou Kayky (ex-Fluminense, 10).
O Liverpool também se limitou a entregar 40 ME por Ibrahima Konaté (ex-Leipzig), com o Tottenham, de Nuno Espírito Santo, a juntar à continuidade de Harry Kane os reforços Emerson Royal (ex-FC Barcelona, 25), Bryan Gil (ex-Sevilha, 25) e Pape Sarr (ex-Metz, 16,9), além de Cristian Romero e Pierluigi Gollini, ambos emprestados pela Atalanta.
Já o campeão europeu Chelsea gerou alvoroço com o anúncio tardio de Saúl Ñíguez (ex-Atlético Madrid), cuja cedência custou cinco ME e prevê uma cláusula de compra de 45 ME, já depois de ter colocado todas as fichas no regresso de Romelu Lukaku (ex-Inter Milão, 115 ME), o jogador mundial com mais dinheiro movimentado em transferências.
Acompanhando a tendência dos últimos mercados, a ‘Premier League’ concentrou as principais transferências entre julho e agosto, num total de 1,35 mil ME, bem acima dos 551,94 ME na ‘Serie A’, desprovida de ‘CR7’, a maior ‘estrela’ das últimas temporadas.
A Juventus manteve Weston McKennie (ex-Schalke 04, 20,5 ME) e fez regressar por empréstimo Moise Kean (ex-Everton, sete), além das apostas em Mohamed Ihattaren (ex-PSV, 5,5) e Kaio Jorge (ex-Santos, 1,5) e da cedência de Manuel Locatelli (ex-Sassuolo).
O principal gastador foi a Roma, treinada por José Mourinho, novo destino de Tammy Abraham (ex-Chelsea, 40 ME), Eldor Shomurodov (ex.Génova, 17,5), Matías Viña (ex-Palmeiras, 13) e Rui Patrício (ex-Wolverhampton, 11,5), ao contrário de Pedro (Lazio) e Edin Dzeko (Inter Milão), de saída a custo zero, ou Florenzi, emprestado ao AC Milan.
Mantendo Fikayo Tomori (ex-Chelsea, 29,2 ME), os ‘rossoneri’ ainda foram buscar Mike Maignan (Lille, 13) e Olivier Giroud (Chelsea, um), mas perderam Hakan Calhanoglu a custo zero para o campeão italiano, que possui agora Zinho Vanheusden (ex-Standard Liège, 16), Denzel Dumfries (ex-PSV, 12,5) e Joaquín Correa, cedido pela Lazio.
Na Alemanha, com 416,37 ME de despesas totais, o eneacampeão Bayern Munique adotou a política habitual de mercado, desfalcando desta vez o Leipzig, do qual vieram o treinador Julian Nagelsmann, Dayot Upamecano (42,5 ME) e Marcel Sabitzer (15 ME).
Em fim de ciclo despediram-se David Alaba (Real Madrid), Javi Martínez (Qatar SC) e Jérôme Boateng, com os ‘roten bullen’ a assegurarem André Silva (Eintracht Frankfurt, 23 ME), Josko Gvardiol (Dínamo Zagreb, 18,8) ou Angeliño (ex-Manchester City 18).
Resistente andou o Borussia Dortmund a lidar com a cobiça do goleador Erling Haaland, que viu chegar Donyell Malen (ex-PSV, 30 ME), Gregor Kobel (ex-Estugarda, 15) e o emprestado Marin Pongracic (ex-Wolfsburgo), mas sair Thomas Delaney (Sevilha, seis).
O avançado norueguês seria a prioridade imediata do Paris Saint-Germain para suprir uma eventual ida para o Real Madrid de Kylian Mbappé, que, a caminho do último ano de contrato, ficou rodeado por uma autêntica constelação de estrelas.
Enquanto Messi soltou lágrimas na despedida de Barcelona ao fim de 21 anos, os franceses reuniram em final de contrato Gianluigi Donnarumma (ex-AC Milan), Sergio Ramos (ex-Real Madrid) e Georginio Wijnaldum (ex-Liverpool), pagando ainda 60 ME por Achraf Hakimi (ex-Inter) e 16 pela cláusula de compra de Danilo Pereira (ex-FC Porto).
A aposta em Nuno Mendes (ex-Sporting), para já negociado a título de empréstimo (sete ME), atendendo às limitações do ‘fair play’ financeiro, fechou um verão de sonho para o PSG, cuja tripla MNM (Messi-Neymar-Mbappé) busca uma inédita Liga dos Campeões.
Bem mais discreto esteve o campeão francês Lille, com Amadou Onana (ex-Hamburgo, sete ME), mas sem Boubakary Soumaré (Leicester, 20) e Luiz Araújo (Atlanta United, 10,9), ao passo que o Mónaco recrutou Myron Boadu (ex-AZ Alkmaar, 17), o Olympique Lyon Xherdan Shaqiri (ex-Liverpool, seis) e o Marselha Gerson (ex-Flamengo, 25).
Ainda a sentir os efeitos da pandemia de covid-19, o mercado moveu menos dinheiro em Espanha, onde a saída de Saúl Ñíguez permitiu ao campeão Atlético Madrid resgatar Antoine Griezmann por cedência do FC Barcelona, com uma cláusula de 40 ME.
Essa verba representa apenas um terço dos 120 ME pagos há dois anos pelos catalães, sintomático dos seus graves problemas financeiros, que estimularam a saída de Lionel Messi e a redução salarial dos ‘capitães’ Gerard Piqué, Sergio Busquets e Jordi Alba.
Só dessa forma é que o FC Barcelona conseguiu inscrever os reforços Memphis Depay (ex-Lyon), Sergio Agüero e Eric García (ambos ex-Manchester City), aos quais se juntou na terça-feira o empréstimo de Luuk de Jong (ex-Sevilha, sucessor de Griezmann).
O Atlético Madrid teve superior poder negocial para ‘selar’ Rodrigo de Paul (ex-Udinese, 35 ME) e Matheus Cunha (ex-Hertha Berlim, 30), sendo que Eduardo Camavinga (ex-Rennes, 31) simbolizou a primeira compra do Real Madrid após uma época em ‘branco’.