Declarações de Fernando Santos, selecionador de Portugal, após o final do jogo Portugal-Sérvia (1-2), do Grupo A de qualificação europeia para o Mundial2022 de futebol, disputado no Estádio da Luz, em Lisboa.
“Temos de assumir a responsabilidade e eu, como treinador, sou o principal responsável. A Sérvia conseguiu ser melhor em muitos momentos do jogo. Não pensámos no empate, nunca falámos em empatar. Entrámos com a disposição de vencer, a pressionar alto e até conseguimos marcar. Depois, começámos a sentir muitas dificuldades, a circular a bola muito atrás, a baixar muito as linhas. Também houve mérito do adversário.
A Sérvia jogou a quatro no meio-campo, com um quadrado, que nos criou algumas dificuldades. Já no jogo na Sérvia tinham jogado assim. O Tadic estava sempre sozinho a receber a bola e chamei a atenção para isso, tentei retificar essa questão, mas a resposta nunca foi convincente.
Ao intervalo, tentámos retificar e na segunda parte o jogo ficou mais equilibrado em termos de ocasiões. O jogo não foi globalmente bem conseguido. Temos de pedir desculpa. Os portugueses estão tristes, tal como nós, mas a minha equipa vai estar no campeonato do mundo, no Qatar.
Vamos disputar um ‘play-off’, o que comigo nunca aconteceu, mas Portugal já esteve no ‘play-off’ três vezes e conseguiu sempre passar.
Posso compreender o jogo menos conseguido na Irlanda, porque apresentámos muitos jogadores que normalmente não jogam juntos. Podíamos ter feito melhor na Irlanda, mas houve essa atenuante. Os jogadores que jogaram hoje, jogam há mais tempo juntos, têm mais noção. Vamos ter de encontrar aqui uma solução. Temos sempre algumas dificuldades quando o adversário joga com três centrais.
Temos de nos preparar para, em março, corresponder ao ‘play-off’. Temos de passar dois adversários e prepararmo-nos para conseguirmos o que queremos, que é estar no Qatar.
O Bernardo [Silva] pediu para sair. Era o jogador que estava a ter bola, a desequilibrar, portanto se o tirei por alguma razão teria de ser. Esteve com problemas durante toda a semana e, na segunda parte, sentiu as pernas muito pesadas, disse que já não conseguia correr, sprintar.
É normal [a insatisfação dos adeptos]. É algo que se coloca sempre aos treinadores. O público está insatisfeito. É normal os portugueses que os portugueses manifestem essa vontade [que Fernando Santos deixe de ser selecionador]. No entanto, estou aqui e tenho toda a capacidade para levar Portugal ao Mundial.
Os jogadores estão muito desanimados. Eu também estou triste, mas continuo a ter muita confiança neles. Eles estavam convictos de que iam vencer a Sérvia e seguir em frente, portanto é normal esse desânimo, sobretudo naqueles mais jovens, que estão aqui há menos tempo. Eu também estou frustrado, mas não deixo de ter confiança em mim próprio e nos jogadores. Hoje, as coisas não correram bem, nem mesmo em termos de resultado.
Temos muito talento e qualidade, sobretudo com bola, e é isso que treinamos e pedimos. Muitas vezes, os jogadores têm-no feito, mas noutros jogos não têm conseguido.
[Os portugueses] Podem estar confiantes porque já demos provas de qualidade. Estivemos no Europeu [de 2016], no Mundial [2018] e novamente no Europeu [2020]. Estes dois últimos jogos não foram positivos, mas por que não haveremos de confiar? Eu confio”.