Paulo Bento quer «atitude dominadora» frente aos campeões Espanhois

“Não vamos alterar a nossa forma de jogar por defrontarmos a Espanha, não queremos alterar a nossa identidade e personalidade”, disse Paulo Bento em conferência de imprensa no Estádio da Luz, de projeção do duelo ibérico comemorativo do Centenário da República Portuguesa.

O selecionador afirma que a turma das “quinas” “quer ser protagonista no jogo e dominá-lo”, dentro da estratégia que vai ser traçada: “Sei que não é possível dominar o jogo sempre, até porque estamos bem documentados sobre a valia dos espanhóis, mas vamos ser dominadores em algumas fases e quando não tivermos a bola, seremos agressivos no bom sentido para não os deixar jogar”.

Questionado sobre a oportunidade do jogo, Paulo Bento lembrou que este já estava marcado quando assumiu funções e que, independentemente da conjuntura e da qualidade das duas equipas, defrontar os atuais campeões da Europa e do Mundo é uma “forte motivação” e um “jogo aliciante”.

“Se queremos ser das melhores seleções da Europa e do Mundo temos de jogar contra as melhores”, observou Paulo Bento, para quem o facto do jogo não valer pontos não significa que não seja um jogo competitivo.

O selecionador considera que “há outros fatores em causa” neste duelo ibérico, nomeadamente “o prestígio das duas seleções” que tem de ser defendido mesmo em jogos particulares.

No entanto, discorda da opinião expressa pelo seu homólogo espanhol, Vicente Del Bosque, que prevê um jogo com muitos golos e que servirá de entretenimento para o público.

“Até no hóquei em patins já deixou de haver muitos golos. Não tendo a carga de um jogo de qualificação para um Mundial, admito que tenha características um pouco diferentes”, referiu Paulo Bento.

Para o técnico luso, Portugal “vai tentar dominar o jogo”, sem descurar, porém, “a necessidade de organização e de alguma tensão, no bom sentido”.

Tendo em conta a ausência do benfiquista Fábio Coentrão por lesão, Paulo Bento não quis abrir o jogo sobre a sua opção para lateral esquerdo: “Já sei quem vai jogar, mas não digo. É fácil perceber que será o Miguel Veloso ou o Bosingwa. Um e outro oferecem-me coisas diferentes em termos técnicos, táticos e físicos, mas a minha escolha vai depender da estratégia que definir”.

Em resposta à questão se Miguel Veloso já teria adotado o gosto por jogar a lateral esquerdo, ele que teve choques com Paulo Bento por este o colocar nessa posição, quando era por ele treinado no Sporting, o selecionador deixou o recado.

“Há situações nos clubes, onde o contexto é diferente, que se entendem e aceitam, mas que na seleção não são aceitáveis. Estar aqui a representar o país já é um orgulho e uma satisfação, era só o que faltava ainda escolher-se o lugar onde se quer jogar”, respondeu Paulo Bento.

Sobre a situação de Ricardo Carvalho, que se ressentiu de um problema no tornozelo que chegou a pôr em causa a sua continuidade no estágio, Paulo Bento “negou qualquer pressão do Real Madrid” e lembrou a “relação aberta e de total disponibilidade para o diálogo com todos os clubes”, garantindo que jamais “porá em risco a integridade física dos selecionados”.

No entanto, disse também “exigir compreensão por parte dos clubes” que fornecem jogadores à seleção, no sentido desta “contar sempre com aqueles que melhor servem os seus interesses” e deixou uma decisão sobre a utilização do central para quarta-feira, antes do jogo.